O paciente chega para a primeira consulta de psiquiatria e diz: “Dr. Eu não queria vir, nunca pensei que precisaria de um psiquiatra”.
A frase acima é recorrente no dia a dia de qualquer psiquiatra, cuja primeira atitude muitas vezes é explicar ao paciente o que é a psiquiatria moderna e tranquilizá-lo.
Nenhuma das especialidades médicas é tão cercada de estigma, mitos e lendas quanto a psiquiatria, área médica que se dedica ao estudo e tratamento do comportamento humano, das doenças e dos transtornos mentais.
Por ser o cérebro e seu funcionamento ainda em grande parte um enigma, talvez menos complexo apenas do que o universo, a psiquiatria desde o início de seu desenvolvimento é em grande parte ainda empírica, baseada em observação de sintomas e comportamentos, sem exames laboratoriais específicos e tendo os psiquiatras que lidar frequentemente com situações extremas, as vezes até violentas. Psicofármacos carregam a fama de causar dependência e deixar as pessoas sedadas, apesar de que poucos medicamentos realmente podem causar dependência ou sedação, geralmente quando o uso é inadequado, sem orientação ou acompanhamento médico.
Esse conjunto de circunstâncias, associado a crenças e credos religiosos como, por exemplo, possessão demoníaca e espíritos opressores, se encarregou de criar a ideia de loucura ou misticismo que cerca a atividade psiquiátrica, e a crença comum de que psiquiatras são médicos de loucos. A TV, o cinema e piadas populares se encarregaram de manter viva essa visão até os dias atuais.
Um último problema que afeta quase todas as pessoas que sofrem de algum transtorno mental é a dificuldade em explicar aos familiares, amigos e colegas de trabalho o sofrimento que experimentam. Quem tem a sorte de nunca ter sofrido com um transtorno mental não consegue entender o intenso sofrimento a que essas pessoas estão submetidas. Nem mesmo o nome das patologias ajuda: transtorno bipolar, transtorno de pânico quase nada significam para quem não é paciente ou psiquiatra.
Então é comum o paciente ouvir conselhos como os seguintes: “vá se divertir, saia de casa um pouco, faça atividade física, não tome remédios, isso não existe, etc”. As vezes ouve também críticas, é tido como preguiçoso, fraco, sem recursos pessoais para enfrentar adversidades.
A resultante de todos os fatores citados acima é uma pessoa que sofre mas reluta em procurar tratamento psiquiátrico, tem medo do preconceito, medo de ser visto com desconfiança, de ser classificado como louco ou desequilibrado, ou medo de ficar dependente de medicamentos. Sempre há alguém por perto para criticar o diagnóstico, os medicamentos ou a psicoterapia.
Transtornos mentais, na maioria absoluta das vezes, nada tem a ver com loucura, mas causam sofrimento intenso, qualidade de vida muito ruim e podem conduzir ao suicídio as pessoas acometidas. São graves o suficiente para que a pessoa que sofre receba acolhimento e encorajamento e não críticas sem fundamento. O que é desconhecido das pessoas sempre causa receio ou medo, e a psiquiatria está longe de ser uma exceção a essa regra.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade
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Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra, com residência médica pelo HC/USP, especializado no atendimento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Tem vinte anos de experiência no atendimento de pessoas em crise emocional de qualquer origem. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.
“Clínica Dr. Lincoln Andrade, a clínica de tratamento da crise emocional em Curitiba.”
*A clínica Dr.Lincoln Andrade não se destina ao atendimento de pacientes muito agitados, agressivos ou intoxicados por álcool ou drogas, que devem ser atendidos em pronto-atendimento psiquiátrico hospitalar.