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O surto do coronavirus trouxe consigo a grande oportunidade de valorizarmos nossos idosos

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Deixando de lado o politicamente correto, a verdade é que na cultura brasileira, que tanto valoriza a juventude, o idoso representa a antítese do desejado: velho, já quase sem atrativos físicos, lento, com dificuldade para deslocamento e pouco “produtivo”.

Neste ponto o leitor pode estar pensando: – Isso não é verdade! Valorizo muito meus avós! Correto, valoriza seus avós sim, mas não necessariamente os idosos em geral.

Nossa sociedade tecnológica e acelerada, cujas crianças são criadas na escola e educadas por estranhos, não tem tempo para valorizar pessoas. E nossas crianças, adolescentes e jovens não aprenderam a dizer bom dia, boa tarde e muito menos obrigado. Nesta sociedade o idoso passou a exercer o papel de pai, mãe e provedor dos seus netos, posto que os pais estão ausentes trabalhando e seus salários são insuficientes. O idoso aposentado exerce atualmente um trabalho social importantíssimo,  infelizmente com pouco reconhecimento.

Lentos, sofrendo de doenças crônicas e limitados em muitos aspectos, a maioria dos idosos já vivia em isolamento social antes do novo coronavírus chegar. Principalmente nos finais de semana, quando os pais ficam com os filhos e os idosos sem os netos. Solidão, depressão, melancolia e sentimento de vida vazia costumam ser seus companheiros. Muitos ainda com o sentimento de que atrapalham, são dependentes e incomodam.

Então surge o coronavirus. E os idosos são o grupo social de maior vulnerabilidade, ouvindo e vendo notícias sobre a morte de milhares de idosos no mundo todo. Os netos tão amados  precisam ficar distante deles e os adultos também. Temem adoecer, morrer e não poder sequer se despedir dos familiares

Para piorar mais as coisas, o presidente da república veio em rede nacional dizer que o isolamento social deve terminar, pois são “apenas” os idosos que adoecem gravemente (e morrem). Envia assim uma clara impressão do status social do idoso em sua visão estreita.

Diante de todos esses fatos, comecei a analisar minha relação com meus pais idosos e percebi que tenho falhado muito. Conversei com outras pessoas e o sentimento de estar falhando com os idosos é geralmente o mesmo. Sabemos que precisamos visitá-los, estar com eles, mas estamos sempre cansados, entediados, cuidando dos próprios filhos ou mesmo com coisas “mais urgentes” a serem feitas.

Somente quem tem filhos pequenos ou já criou filhos entende o trabalho inacreditável que a criação deles exige. Nesse trabalho estão incluídas as inúmeras noites sem dormir, as idas noturnas ao pronto-atendimento pediátrico, o custo em dinheiro com alimentos, remédios, roupas, material escolar, além da constante necessidade de abrir mão do próprio bem estar em favor dos filhos. Confesso que quando penso sobre isso me sinto muito negligente com os meus pais.

Lembro ainda que os idosos que necessitam trabalhar para reforçar o orçamento sofrem com discriminação pela idade, com transporte público ineficiente, falta de segurança e suporte precário de saúde.

Foi pensando em tudo que disse acima que surgiu o título deste texto. O coronavirus está nos despertando para a importância dos nossos idosos. E temos talvez uma última chance nessa nossa sociedade tecnológica e afetivamente empobrecida para aprender a valorizá-los. Eles carregam consigo a história da família e a cultura familiar. Fizeram seu melhor para criar os filhos e cuidam dos netos. E o que estão recebendo de nós?

Não tenho fórmula mágica nem receita de bolo para a valorização dos idosos. Vou então deixar para reflexão o parágrafo abaixo:

Em certa ocasião estava eu lendo um dos livros de Srikumar Rao, indiano especialista em felicidade, que trabalha na Europa e nos EUA. Em certa ponto do livro ele comenta que já se cansou de participar de seminários empresariais, nos quais repetidamente se discute o que é relevante para a felicidade no trabalho.  E conclui o comentário com a seguinte frase: – Não sei para que tanto debate nesses seminários! Para que possa haver felicidade em qualquer ambiente humano, basta que nos interessemos sinceramente em saber quais  são as necessidades uns dos outros!

Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade. Permitida a livre divulgação e reprodução. Pedimos o favor de citar a fonte (autor e site).

Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP, especializado no atendimento de pessoas em crise emocional, estresse, transtornos de ansiedade e pânico. Tem vinte anos de experiência no atendimento de pessoas em crise emocional de qualquer origem. Criou e mantém em sua clínica o programa CALMA, especializado no tratamento de ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.

“Clínica Dr. Lincoln Andrade, a clínica de referência no tratamento do estresse elevado,  ansiedade, pânico e crises nervosas em Curitiba”.