Durante um típico ataque de pânico, entra em funcionamento um mecanismo do sistema nervoso conhecido como espiral do pânico, composto pela sequência de eventos descrita a seguir, em que cada etapa ativa ou amplifica a fase seguinte:
a) Taquicardia, conhecida popularmente como palpitação ou “batedeira”. O paciente sente a frequência dos batimentos do coração disparar, sente a pulsação do coração ficar mais forte, as vezes como se fossem pancadas no peito. Esse mecanismo funciona como um sistema de alarme que produz o medo do surgimento de uma crise de pânico.
b) A pessoa sente o coração pulsar de modo irregular, o que dá a impressão de estar falhando, mas o que está ocorrendo é o aparecimento de extrassístoles. Extrassístole é o surgimento de alguns batimentos fora do ritmo regular do coração, algo normal quando o sistema nervoso é muito ativado, porém pode provocar aumento do medo de ter um ataque cardíaco.
c) Aumentando o medo, a pessoa pode passar a sentir tontura ou mesmo vertigem. Com isso a pessoa se sente algo insegura, teme desmaiar e teme passar mal sem poder ser adequadamente socorrida. A causa da vertigem é o aumento da frequência respiratória. Não é comum a ocorrência de desmaio, mas a pessoa já em pânico acredita que isso está para acontecer..
d) Respiração difícil ou sensação de que vai sufocar. A sensação de dificuldade para conseguir respirar é ocasionada por ansiedade já intensa. A pessoa tem então a sensação de que o ar já não é suficiente, que vai sufocar. Com isso o medo de morrer aumenta ainda mais.
e) Respiração mais frequente e intensa por medo de sufocar aumenta a concentração de oxigênio no sangue. Isso faz aparecer sensação de formigamento ou amortecimento nos membros.
f) Medo de morrer, perder o controle do corpo ou de enlouquecer. Com o rápido e progressivo aumento dos sintomas físicos da crise de pânico, a sensação sentida pela pessoa acometida é de que vai perder o controle do corpo ou morrer, e os pensamentos ficam tão desorganizados que a pessoa pensa estar enlouquecendo.
g) Portanto toda essa sequencia acima descrita funciona como uma espiral onde um evento desencadeia ou intensifica os eventos seguintes.
O adequado tratamento do transtorno de pânico envolve não somente o controle das crises de pânico, mas também o trabalho psicológico especializado para interromper precocemente a cascata do pânico, facilitando assim a interrupção da crise de pânico ainda no seu início.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade*
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*Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra especializado no tratamento de pacientes em crise emocional, estresse, transtornos de ansiedade e pânico em Curitiba. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.