O transtorno de pânico (TP) é caracterizado por quatro pilares, que são seus sintomas principais, como segue abaixo:
- Crises de pânico
- Medo de sentir medo (medo dos sintomas)
- Agorafobia, que é o medo de sofrer crises em certos locais e situações e não poder sair ou ser socorrido rapidamente
- Preocupações e hipervigilância do corpo
Apesar de quase nunca comentado na mídia e publicações especializadas, quem sofre de transtorno de pânico costuma apresentar também disfunções sexuais diretamente ligadas a seus sintomas.
Frequentemente os pacientes em tratamento de TP não comentam sua disfunção sexual ligada ao pânico com seus médicos psiquiatras, o que pode vir a ser informado somente pela parceira ou parceiro do(a) paciente.
O parceiro ou parceira sexual da pessoa que sofre de TP acredita que ela perdeu a libido, mas frequentemente o paciente tem libido. O que costuma acontecer é que quando sente desejo a pessoa com TP não dá início ou não estimula a iniciativa sexual da parceria devido ao medo de que a relação sexual conduza ao surgimento de sintomas de pânico.
Muitos homens com TP perdem a ereção durante a relação sexual e, com o tempo, podem acabar desenvolvendo disfunção erétil, visto que durante as relações sexuais perdem o foco nos aspectos eróticos da relação e ficam preocupados, checando o pulso a respiração, palpitações ou outros sintomas.
Pelo mesmo motivo, aproximadamente 1/4 das mulheres com TP desenvolvem problemas com o orgasmo, pois não focam os estímulos sexuais e não conseguem se excitar suficientemente para atingir o orgasmo.
Pessoas com TP tendem a interpretar os sinais de excitação fisiológica típicos da excitação sexual como sinais de um possível novo ataque de pânico, interrompendo a atividade sexual. Algumas pessoas chegam a se abster completamente da atividade sexual, as vezes por meses ou até anos.
UPortanto, um problema que afeta muitas pessoas que sofrem de TP é a evitação de relações sexuais devido ao medo de que as mesmas possam desencadear novas crises de pânico. Segundo a literatura especializada, aproximadamente 65% das pessoas com TP evitam relações sexuais, um número espantoso!
Muitas pessoas que sofrem de TP e estão em tratamento e com total controle das crises persistem evitando atividades sexuais.
O tratamento do TP frequentemente envolve medicamentos e psicoterapia específica, mas no caso das disfunções sexuais é importante que o profissional tenha conhecimentos e experiência em sexualidade humana e sexologia médica, visto que vai precisar ajudar o paciente a superar crenças e vencer barreiras psicoemocionais para que venha a ter uma vida sexual de qualidade.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade
Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site)
Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 15 anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP), especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.