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Clínica de tratamento em Curitiba para crises emocionais, estresse, ansiedade, pânico, depressão e problemas afetivos e sexuais

TOC de orientação sexual

O TOC de orientação sexual, TOC HOCD (Homossexuality obsessive-compulsive Disorder), é um tipo de toc que afeta principalmente pessoas heterossexuais, cujo conteúdo dos pensamentos obsessivos é caracterizado pelo temor de ser homossexual.

É importante para a compreensão deste tipo de TOC o correto entendimento da expressão “orientação sexual”. Falamos em orientação sexual para nos referirmos à atração afetivo-sexual que alguém pode sentir por outra pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto. Orientação homossexual é a atração afetivo-sexual por pessoas do mesmo sexo, assim como orientação heterossexual é a atração por pessoas do sexo oposto, ficando a orientação bissexual em algum ponto entre a homo e a heterossexualidade. Portanto, as pessoas heterossexuais que sofrem de TOC de orientação sexual têm pensamentos obsessivos que os fazem duvidar da sua orientação sexual e achar que podem ser homossexuais (mais adiante neste artigo escrevo sobre como este tipo de TOC afeta pessoas homossexuais).

Portanto, o sintoma central deste subtipo de TOC, como em tantos outros subtipos desse transtorno, é a chamada “dúvida patológica”. No TOC em questão a pessoa sabe que não é homossexual, tem essa percepção, mas não consegue se convencer disso nem se tranquilizar. Sempre permanece a dúvida e a incerteza. A pessoa não sente atração por pessoas do mesmo sexo, sente repulsa com essa possibilidade, sofre com isso, mas permanece na incerteza.

Para lidar com a angústia, a ansiedade e mesmo a depressão causada pelo transtorno, a pessoa afetada faz testes consigo mesma, que são em sua maioria a manifestação compulsiva do transtorno:

  • Olhar pessoas do mesmo sexo nas ruas, em banheiros públicos ou outros locais, sempre se perguntando se sente atração por elas
  • Ver pornografia homossexual para observar se sente excitação sexual
  • Quando vê uma pessoa do mesmo sexo que acha bonita, pergunta-se se a achou atraente sexualmente
  • Prestar atenção em homens e mulheres por onde passa e se pergunta por qual dos gêneros sexuais se sente realmente atraído
  • Repassar sua vida afetiva e sexual prévia para saber se houve algum comportamento homossexual
  • Visualizar mentalmente características anatômicas do sexo oposto para evitar pensar nas características físicas do mesmo sexo
  • Tentar se convencer que não é homossexual repetindo para si mesmo que não é gay
  • Se angustiar ao pensar em como será sua vida caso comprove ser gay
  • Algumas pessoas chegam a experimentar relações homossexuais com a intenção de testar definitivamente qual é sua orientação sexual de fato

Apesar de tentar de tudo para neutralizar sua dúvida e sua preocupação, a dúvida persiste, como é próprio do TOC. Quando se trata de um homem casado, parte da angústia reside  na exposição pública de “sair do armário” e se deparar com o julgamento de filhos, esposa, família e amigos. Alguns chegam mesmo a pensar em suicídio.

Pessoas que assistem muita pornografia e sofrem deste tipo de TOC tendem a sofrer mais, pois acessam mais estímulos de relações homossexuais.

É importante deixar registrado que a orientação sexual é própria de cada pessoa, não é uma escolha, mas sim algo natural tanto para quem é hetero quanto para quem é homo ou bissexual. Infelizmente a homofobia tenta distorcer essa verdade.

Outra coisa importante a registrar é que pessoas homossexuais também podem sofrer com esse transtorno, mas no seu caso a dúvida patológica é se são heterossexuais e não homossexuais.

Finalmente, apesar de ser algo quase ignorado pela mídia, mulheres também sofrem deste tipo de TOC, ou seja, não se trata de uma patologia que acomete somente pessoas do sexo masculino.

O tratamento não é diferente do tratamento dos demais tipos de TOC. Envolve uso de medicamentos para redução acentuada das obsessões e compulsões e psicoterapia específica para TOC. Quando o paciente acesso pornografia deve evitar essa prática, que inclusive só costuma trazer prejuízo aos relacionamentos e à vida sexual.

Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade

Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site)

Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 15  anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP),  especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico.  Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.