Todas as pessoas se importam com a opinião dos outros a seu respeito. Todos querem ser aprovados, aceitos e admirados. Gostamos de elogios e feedback positivo e tememos críticas e principalmente rejeição.
Eventuais momentos e insegurança, apreensão e nervosismo em situações sociais é perfeitamente normal para qualquer pessoa.
Pensar em “Como estou me saindo?”, “O que estão pensando a meu respeito?” ou “Estou me sentindo deslocado aqui” são experiências até certo ponto comuns, mas para pessoas que sofrem de ansiedade social essas experiências são assustadoras, podendo levar à paralisia e ao isolamento. A ideia de passar constrangimento pode parecer catastrófica e destruidora da autoestima. Essas experiências vividas como um drama podem levar a pessoa que sofre de ansiedade social a um profundo sentimento de isolamento e sofrimento emocional.
Obviamente que existem níveis de gravidade para fobia social, e pesquisas apontam que aproximadamente 7,5% das pessoas sofrem de algum grau de fobia social.
A Ansiedade social grave, também conhecida como fobia social, tem três componentes principais:
1. Medo importante de avaliação negativa pelas outras pessoas
2. Elevado foco de atenção concentrado sobre si mesmo e seu desempenho, a ponto de se desligar do ambiente a sua volta
3. Ampla evitação de situações sociais
Ao prestar atenção nas 3 componentes listados acima, fica fácil entender a dificuldade que pessoas com ansiedade social grave para estabelecer contatos afetivos e relações sexuais.
Não por coincidência que essas 3 componentes da fobia social se sobrepõem aos principais problemas de quem sofre de ansiedade de desempenho sexual, o medo de falhar sexualmente.
Homens com ansiedade de desempenho sexual temem o encontro por antecipar possível falha de ereção e constrangimento diante da parceria, concentram sua atenção sobre seu pênis e sintomas físicos de ansiedade durante o encontro íntimo e em caso de falha ficam remoendo indefinidamente o ocorrido, o que os leva a evitar novos encontros sexuais.
Estudos evidenciam uma importante associação da fobia social com problemas sexuais, mais propriamente da excitação, orgasmo e satisfação sexual, chegando a 33% das pessoas que sofrem com o transtorno.
Homens com fobia social relatam início mais tardio da vida sexual, dificuldade aumentada para se excitar sexualmente, problemas de disfunção erétil, ejaculação prematura e busca muito mais frequente de sexo com prostitutas em relação aos homens sem essa perturbação.
Mulheres com fobia social relatam também problemas com desejo, excitação e orgasmo, além de um menor número de parceiros sexuais ao longo da vida.
Geralmente após desenvolver algum grau de intimidade emocional ou relacionamento afetivo com uma parceria a disfunção sexual deixa de ocorrer.
O tratamento de disfunções sexuais em pessoas com ansiedade social grave tem como foco inicial o tratamento adequado da ansiedade social. Havendo persistência do quadro de disfunção sexual, esse deverá ser tratado de modo independente.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade
Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site)
Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 15 anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP), especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.