Falhei, e agora?
Um breve panorama atual sobre a Disfunção Erétil
Isso não quer dizer que você, realmente, tenha problemas de ereção. As falhas acontecem, e por inúmeros motivos, que vão desde o estresse do trabalho até o jantar que não caiu bem… Se formos pensar, os homens são extremamente cobrados por desempenho, e acabam criando a crença de que nunca irão falhar. A sociedade espera que o homem tenha sucesso, coragem, força, e que sua virilidade e potência sexual estejam diretamente proporcionais a sua identidade masculina. Não é em vão a preocupação do homem em ter e manter uma ereção. O grande fantasma na vida de um homem é a disfunção erétil.
Pode acontecer do homem perder a ereção durante as preliminares ou na penetração, o que não significa o fim do encontro sexual, se houver estímulos. Quando acontece uma falha, é importante não deixá-la interferir nas relações posteriores de forma negativa. O insucesso pode fazer com que se instale o receio de falhar novamente, condicionando a ansiedade antecipatória. O medo de fracasso pode criar um ciclo vicioso, pois entram em cena os grandes vilões da ereção: os pensamentos negativos, a angústia, a ansiedade, o medo, e os comportamentos de teste. E isso pode fazer com você comece a pensar cada vez menos em sexo, como uma fuga de todas emoções e pensamentos negativos.
A ansiedade libera adrenalina e outras substâncias, que acabam afetando o sistema nervoso autônomo. E a ereção é mediada pelo sistema nervoso autônomo, que é involuntário, ou seja, não se tem controle. A tensão advinda da ação das substâncias liberadas com a ansiedade leva à contração dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo de sangue para o pênis, e sem este não há ereção, ou se acontecer, será difícil de mantê-la. Diante de uma situação embaraçosa é possível fazer algo para facilitar a ereção? A dica é relaxamento e estímulos sexuais.
E o que fazer quando não se consegue lidar com sozinho com essa dificuldade?
Procurar um profissional de saúde especialista em sexualidade, pois nem sempre é possível dar conta dos problemas sozinho. As alterações no desempenho ligadas a problemas sexuais irão, irremediavelmente, alterar a qualidade de vida, a autoestima e interferir em diversos aspectos da vida do homem, inclusive no trabalho.
De forma variável, a disfunção erétil afeta cerca de 50% dos homens com idades entre 40 e 70 anos. E com o aumento da população mundial e da expectativa de vida, sua prevalência deve crescer progressivamente, estimando-se que em 2025 o numero de homens com disfunção erétil chegue a 322 milhões. Ela está diretamente relacionada a idade e também a outras condições médicas importantes, tais como: diabetes mellitus, efeitos colaterais a medicamentos, alterações neurológicas e hormonais, traumatismos e cirurgias pélvicas, e doenças cardiovasculares. O estilo de vida e aspectos psicológicos também se relacionam diretamente à disfunção erétil.
Muitos tabus, orgulhos e preconceitos ainda acabam por atrasar a procura por ajuda. Contudo, a disfunção erétil pode ser tratada, e conforme a comprovação de estudos científicos, com alto grau de sucesso, pois dispõe de um vasto leque de tratamentos. O tratamento pode envolver desde uso de medicamentos até procedimento cirúrgico, este último para casos extremos, mas quase sempre com a necessidade de acompanhamento psicológico e terapia sexual.
Por ser motivo de vergonha e constrangimento, muitos homens tardam em buscar auxílio profissional, o que costuma conduzir ao agravamento e à cronificação da disfunção erétil. Felizmente, com o avanço da sexologia e com resultados eficazes de tratamento, a disfunção erétil está lentamente sendo desmistificada.
Texto de autoria de Carolina Miranda Do Amaral*
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*Carolina Miranda é psicóloga, com especialização em sexualidade humana pelo projeto sexualidade (PROSEX) da Faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP) e mestrado em sexologia pela Universidade Lusofona de humanidades e tecnologias de Portugal. É terapeuta sexual no On Love, programa de qualidade de vida afetiva e sexual da clínica Dr. Lincoln Andrade.