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Clínica de tratamento em Curitiba para crises emocionais, estresse, ansiedade, pânico, depressão e problemas afetivos e sexuais

Descoberta de infidelidade: a perda do passado de quem foi traído

Quando alguém descobre  informações sobre uma vida amorosa oculta da parceria, de que sua vida amorosa como a conhecia era uma grande e longa mentira, que talvez já se arrastasse por muitos tempo, talvez anos, uma crise emocional e conjugal de grandes proporções se instala rapidamente. Seja uma traição, sejam várias ou mesmo a descoberta de que a parceria sofre de compulsão sexual, a turbulência será líquida e certa.

Após a descoberta, a vida de ambos parceiros sofre uma mudança permanente, mas frequentemente de maneiras diferentes. O parceiro infiel pode sentir vergonha, culpa ou arrependimento, mas não perde o sentido de sua vida, não perde a noção de continuidade da sua história de vida. Tinha escolha, tomava decisões sobre seus atos afetivo-sexuais, ou seja, tinha a posse de sua biografia. E tem a chance de se arrepender, prometer que vai mudar, jurar que ama a pessoa traída.

Já a pessoa que foi vítima da traição sofre inicialmente um tsunami emocional, composto por vergonha, humilhação, raiva, ira, tristeza, ansiedade, sentimento de vazio, de abandono, entre muitas outras emoções negativas. Mas em seguida, de modo progressivo e insidioso, as novas informações sobre o comportamento afetivo e sexual do parceiro infiel vão turvando o passado e as verdades da história pessoal do traído, invadem sua memórias  e colocam tudo em xeque, trazendo à mente do traído uma torrente de dúvidas e questionamentos. Quando começou o caso? Foi uma vez só? Foram muitas? Como era essa mulher? Mais bonita, mais jovem? Como era esse cara? Fazia amor melhor que que eu? Fazia com minha esposa coisas que ela não aceitava fazer comigo na cama? As perguntas são intermináveis.

Dependendo do modo como foi feita a descoberta, informações mais impactantes atormentam quem se sente vítima da traição. Já atendi casos em que mensagens trocadas entre os amantes coincidiam com a gestação da mulher traída, ou com o aniversário do marido traído. Isso faz com que não só o ato, mas também a ocasião aumente o sofrimento.

A pessoa que descobre a traição entre em um círculo vicioso, compulsivo, angustiante de buscar mais e mais informações a respeito de tudo que envolvia a infidelidade do outro. Repassa infinitas vezes acontecimentos importantes do passado do casal e tenta integrá-los, conectá-los com fatos recém descobertos, na busca sempre frustrada de dar sentido ao ocorrido. A pessoa traída tenta, mesmo sem ter percepção consciente disso, reconstruir uma história de vida na qual não participou diretamente de uma parte importante dela.

Ela também faz perguntas a respeito do porvir. Como saber o que será real no futuro? Ainda conseguirei confiar nele novamente? Ou em outra pessoa? A pessoa sente que sua base de apoio e suas certezas foram roubadas, inclusive sua história de vida.

Muitos casais que passam por essa situação não sabem como lidar com ela, nem como seguir em frente. Não se separam, mas vivem infelizes. Considerando que situações assim deixam esses casais em um beco sem saída, inclusive para lidar com as emoções destrutivas, como  crise e o trauma, frequentemente há necessidade de ajuda de um profissional de saúde mental com conhecimento e  experiência no atendimento às pessoas envolvidas em um relacionamento afetivo-sexual em crise.

Caso você se encontre na situação acima, procure auxílio profissional sem demora, afinal estamos falando de uma área de importância central na vida de quase qualquer pessoa.

Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade, baseado no artigo “Great Betrayals”, de Anna Fels, publicado originalmente no  The New York Times, oct. 5, 2013. Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site).

Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 16  anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP),  especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico.  Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.