Atualmente é muito comum o assunto sobre uso problemático de pornografia (UPP) inundar a internet. Muitas informações sobre pessoas com dependência de pornografia e masturbação excessiva são publicadas, mas pouco ou muito pouco é comentado sobre o grave sofrimento que a descoberta deste comportamento é capaz de causar à parceria, lembrando que a palavra “parceria” é aqui utilizada para se tanto a uma mulher quanto a um homem.
Neste artigo, baseado em Maltz and Maltz, relaciono 7 tipos de dores psicológicas e emocionais sofridas por parcerias que descobrem que o companheiro tem um comportamento sexual oculto. |Neste artigo específico, tal comportamento é caracterizado por acesso frequente e intensivo à pornografia, associado a masturbação compulsiva.
Seguem abaixo sete dores emocionais e psicológicas comuns sofridas pelas parcerias de dependentes de pornografia, frisando que de modo algum se limitam somente a essas dores:
1. O relacionamento fica seriamente abalado quando da descoberta do UPP, visto que a decepção costuma ser muito grande. Neste caso, o parceiro que faz uso problemático de pornografia é percebido como desonesto e mentiroso.
2. A parceria sente que o UPP pelo(a) companheiro(a) é uma forma de infidelidade, de traição à intimidade e à honestidade que deveria haver dentro do relacionamento. Isso poderá vir a minar a confiança, que é uma das bases maiores de sustentação de um relacionamento.
3. A parceria se sente sexualmente desvalorizada, insuficiente, sem sex appeal, talvez incapaz de despertar desejo sexual e excitação no(a) companheiro(a), com consequente prejuízo importante na autoestima.
4. O impacto dos elementos acima tem potencial para causar a perda ou abalar seriamente a intimidade afetiva do casal, com consequente perda do prazer de estarem unidos em um acordo comum, com plano e objetivos definidos.
5. Também a perda do prazer sexual costuma ser afetada, visto que pode ocorrer uma estranhamento e sentimento de falta de conexão na intimidade sexual, uma sensação de estar tendo sexo com uma pessoa desconhecida, as vezes com enorme constrangimento. A parceria muitas vezes cobra demonstrações de desejo e excitação da parte do usuário de pornografia, causando consequente ansiedade de desempenho e maior prejuízo sexual. Para alguns casais o sexo pode vir a melhorar como uma forma de maior desejo, medo crescente de perda do(a) companheiro(a) e maior investimento no relacionamento.
6. Estados emocionais negativos tendem a permear a vida do casal, com aumento de estresse, ansiedade, depressão ou raiva. O tempo para que esses estados emocionais sejam superados varia enormemente, na dependência do vínculo prévio, tempo de relacionamento, história do relacionamento, encaixe sexual, afeto entre os parceiros, idade, entre outras variáveis.
7. A parceria muitas vezes passa a temer pela segurança dos filhos, teme que a pessoa com UPP seja pervertido, que não seja saudável para os filhos, que os filhos vejam os conteúdos pornográficos esquecidos em computadores ou telefones celulares.
Texto de autoria do Dr. Lincoln c. Andrade, baseado em Maltz and Maltz. Permitida a reprodução e divulgação desde que citada a fonte (autor e site).
Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 16 anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP), especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.