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Clínica de tratamento em Curitiba para crises emocionais, estresse, ansiedade, pânico, depressão e problemas afetivos e sexuais

Compulsão sexual no TDAH

Pesquisas recentes e importantes vêm demonstrando que TDAH e Comportamento sexual compulsivo apresentam forte relação. Pesquisas com grande número de pessoas com TDAH demostraram que até 65% das pessoas compulsivas sexuais apresentam TDAH associado, o que de modo algum significa que pessoas com TDAH teriam obrigatoriamente um quadro de compulsão sexual. 

Neste artigo vamos apresentar muitas informações relevantes para pessoas com TDAH e seus familiares a respeito dessa associação de uma patologia psiquiátrica (TDAH) com um transtorno do comportamento sexual (Compulsão sexual).

Pesquisas mostram que o TDAH está fortemente relacionado com acesso à pornografia em homens e a busca de sexo com o parceiro na mulher. Outra observação de pesquisa é que quanto mais intensos os sintomas de TDAH, mais intensos os sintomas de dependência de sexo, e a presença de comportamento sexual compulsivo pode aumentar a quantidade de pensamentos e fantasias sexuais na mente muito acelerada da pessoa com TDAH.

Nas pessoas com TDAH mais grave, o comportamento sexual compulsivo pode funcionar como uma espécie de “automedicação” contra emoções negativas. Essas emoções negativas podem ter origem na baixa autoestima originada na infância devido a bullying, rejeição, preconceito e trauma.

 

Efeitos do TDAH no comportamento sexual:

Os sintomas do TDAH podem levar ao aumento ou à diminuição da libido e da busca de sexo, visto que podem afetar a pessoa com TDAH de diferentes maneiras.

 

Hipersexualidade no TDAH:

O TDAH pode levar ao aumento de sintomas de comportamento sexual compulsivo e ao transtorno de compulsão sexual. Isso pode ocorrer pelo aumento do desejo sexual ou pelo envolvimento em comportamentos sexuais de alto risco. Por sua vez, esses comportamentos de alto risco estão provavelmente ligados a necessidade de busca de novidade e à constante necessidade de estimulação para satisfazer a busca de novidades.

O TDAH pode levar a comportamentos sexuais de risco também através do uso de substâncias, como uso abusivo de álcool (comum em adolescentes no início da vida sexual|) ou drogas. Sob uso de substâncias a pessoa pode fazer sexo sem proteção ou se envolver em relações de risco com desconhecidos.

N TDAH o sexo pode também ser usado como uma maneira de lidar com estresse, irritabilidade, raiva, ansiedade ou depressão, pela busca de alívio desses estados emocionais através do sexo e do orgasmo. Esse prazer e alívio pode ocorrer via pornografia na web associada à masturbação,  ou em contatos físicos.

 

Hiposexualidade no TDAH:

O TDAH também pode conduzir à diminuição da libido, o que pode ocorrer pela diminuição do foco de atenção e pela distração durante as preliminares ou durante o ato sexual, levando à divagação e à perda da excitação sexual, o que pode ocasionar também a frustração da parceria.

Outro via de redução da resposta sexual se deve ao fato de algumas pessoas com TDAH serem hipersensíveis aos estímulos sensoriais, como toque físico, cheiro ou gosto do corpo da parceria. Essa hipersensibilidade sensorial pode gerar desconforto, irritabilidade ou mesmo repulsa, dificultando e mesmo impedindo a intimidade e o prazer sexual.

O uso de certos medicamentos para o tratamento do TDAH ou de comorbidades psiquiátricas ou orgânicas também podem levar à redução da resposta sexual.

Muitos parceiros de pessoas com TDAH se sentem sobrecarregados com as tarefas que aqueles não conseguem executar devido a procrastinação e desatenção, o que pode ocasionar ressentimentos e perda da conexão do casal.

Pessoas com TDAH com forte componente hiperativo podem não conseguir relaxar suficientemente para conseguir manter uma relação sexual prazerosa. Homens com TDAH geralmente mantém a libido mas podem ter problemas de ereção e orgasmo devido a distraibilidade. Já as mulheres, devido as múltiplas tarefas com família, trabalho e filhos podem ter prejuízo na libido, excitação e orgasmo.

 

Tratamento da Compulsão sexual associada ao TDAH:

Como todo tratamento bem feito, tudo começa por um diagnóstico rigoroso do comportamento sexual e do TDAH, jamais esquecendo de avaliar outras possíveis comorbidades, tanto psiquiátricas quanto de clínica médica geral.

Uma vez tendo estabelecido o diagnóstico, o tratamento rigoroso do comportamento sexual compulsivo, do TDAH e das comorbidades passam a ser o foco do trabalho psiquiátrico e de sexologia. Para isso são utilizadas diversos recursos de tratamento, sempre na medida da necessidade de cada paciente e cada casal.

Dentre os recursos de tratamento disponíveis podemos citar o uso de medicamentos, a psicoterapia individual, terapia de casais, terapia sexual e até mesmo grupos de suporte. Todos esses recursos podem ser complementares uns aos outros, e quanto maior a gravidade do caso mais desses recursos podem ser necessários ao tratamento.

O foco do tratamento pode ser abrangente, incluindo a educação sobre o comportamento seuxal e suas comorbidades, a melhora da autoestima, a percepção dos gatilhos que desencadeiam os comportamentos sexuais fora de controle, possíveis traumas emocionais precoces, treinamento para regulação emocional, sair do isolamento e lidar com medo, culpa, arrependimento e vergonha, ajuste conjugal e também a priorização da reconexão e recuperação da intimidade afetivo-sexual do casal.

Em resumo, trata-se de um grande desafio diagnóstico e terapêutico, que costuma exigir muita determinação e comprometimento do paciente, mas que vale muito a pena, visto que se trata da saúde mental, sexual, física, conjugal e familiar da pessoa que sofre as consequências desses transtornos mentais e sexuais.*

 

*Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade. Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site).

Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 16  anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP),  especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico.  Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.