Pessoas com transtorno de pânico de longo curso ou com sintomas graves costumam usar de alguns artifícios psicológicos para lidar com sua ansiedade no cotidiano. Algumas dessas “muletas” psicológicas são clássicas e bem conhecidas dos psiquiatras experientes no tratamento do transtorno.
Talvez o mais comum dos artifícios seja a pessoa levar consigo o medicamento benzodiazepínico, conhecido pela população como “tarja preta”, para qualquer lugar aonde for, inclusive viagens. Frequentemente chegam para a primeira consulta de psiquiatria com o medicamento no bolso e relatam que se sentem seguros com esse cuidado, pois em caso de sinal de crise tomam um comprimido.
Também não é incomum a pessoa sair de casa sempre acompanhada de um familiar, principalmente quando necessita fazer uso de transporte público. Assim consegue ir a lugares que jamais iria sozinha.
Outro artifício é verificar a pressão arterial frequentemente (muitos compram equipamento médico para poder fazer isso em casa), e se acalmam ao perceber que a pressão não está alterada.
Um artifício moderno e cada vez mais utilizado é o uso de telefone celular, que faz a pessoa se sentir tranquila pela possibilidade de falar com familiares ou pedir socorro médico em caso de sofrer crise de pânico fora de casa. Já existe até um novo quadro fóbico secundário a esse hábito. Chama-se “nomofobia”, que vem do inglês no mobile phobia, e significa fobia de ficar sem o telefone celular.
Esse quadro fóbico, a nomofobia, se caracteriza por angústia ou desconforto pela impossibilidade de comunicação por meios virtuais como tablets, computadores e telefones celulares. Trata-se de medo de ficar desconectado, incomunicável.
A nomofobia afeta muitas pessoas sem pânico, mas, no caso dos telefones celulares, afeta muitos pessoas que sofrem de pânico, principalmente aqueles que têm agorafobia .
Esses artifícios ajudam a pessoa no seu dia a dia, porém atrapalham o tratamento. Essas maneiras ineficazes de comportamentos de proteção, para enfrentar o medo e prevenir às crises, precisam ser abandonadas para que a pessoa que sofre de transtorno de pânico possa começar a enfrentar seus medos de modo adequado. Trata-se de um processo lento e que exige sensibilidade do médico psiquiatra e do psicoterapeuta, mas deve ser realizado para um completo tratamento do pânico.
Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade
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Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra, com residência médica pelo HC/USP, especializado no atendimento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Tem vinte anos de experiência no atendimento de pessoas em crise emocional de qualquer origem. Criou e mantém em sua clínica o programa CALMA, especializado no tratamento de ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.
“Clínica Dr. Lincoln Andrade, a clínica de referência no tratamento do estresse elevado, ansiedade, pânico e crises nervosas em Curitiba”.