Como se já não fossem suficientes os conhecidos fatores geradores de estresse por violência urbana, eis que surge um novo tipo: ataques aos transeuntes com seringa e agulha hipodérmica em ruas movimentadas de São Paulo. Na verdade não se trata de um evento inédito, pois há registro de casos semelhantes no passado, mas trata-se de mais um medo a assombrar a vida do brasileiro, neste caso do paulistano.
Andando diariamente pelas ruas das grandes cidades, quase certamente preocupado com a crise econômica, com risco de desemprego, medo de assalto e medo da violência, o cidadão comum, ao sofrer um ataque com agulha e seringa, sente-se então absolutamente desconcertado. Sem ideia do objetivo do agressor, e do que pode ter sido injetado em seu corpo, pensa logo em micro-organismos e doenças transmitidas por sangue contaminado, HIV, Hepatite ou outra doença ou agentes infecciosos. Sente-se extremamente só em sua angústia.
Diante do pavor, procura então ajuda médica. Recebe indicação de tratamento profilático com um coquetel de medicamentos, perde o sono, teme vir a adoecer, morrer, transmitir doença ao cônjuge e à família, e se pergunta: com tanta gente nesta cidade, por que logo comigo isso foi acontecer? E assim a qualidade de vida da vítima da agressão covarde e da sua família começa rapidamente a mudar para pior. Caso a vítima seja alguém que sofre de ansiedade, pode vir a desenvolver crises de ansiedade, pânico e estresse traumático.
E fica no ar a pergunta: como se proteger de mais essa violência? É possível se proteger disso? E mais uma vez as pessoas que acompanham tudo pelo noticiário pensam na velha ideia de viver em uma cidade menor, menos violenta, talvez na praia…
E assim a vida vai seguindo seu curso, com mais um fator causador de ansiedade e medo a nos espreitar nas ruas e esquinas das grandes cidades…
Texto do Dr. Lincoln C. Andrade
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