Telefone / Whatsapp: (41) 9 9643-7333

Clínica de tratamento em Curitiba para crises emocionais, estresse, ansiedade, pânico, depressão e problemas afetivos e sexuais

Quando a mulher desconfia da sexualidade do marido ou parceiro

quando-a-mulher-desconfia-da-sexualidade-do-marido_dr-lincoln-andrade

Neste artigo vou discorrer sobre a angústia da mulher que desconfia da sexualidade de seu parceiro.

Não é frequente, nem tampouco raro, atender em aconselhamento mulheres sofrendo emocionalmente por suspeitarem que seus parceiros são homossexuais. Chegam angustiadas e cheias de dúvidas, buscando esclarecimento e auxílio profissional a respeito do assunto. Em sua busca de esclarecimento essas mulheres por vezes confundem conceitos de sexualidade que vou procurar explicar abaixo, utilizando para isso alguns exemplos de casos clínicos.

No primeiro caso a mulher relata que sempre houve amor, que ela e seu parceiro são muito amigos, mas que o parceiro nunca demostrou interesse sexual de fato e que evita o contato sexual. As vezes percebe que o parceiro observa atentamento homens atraentes em locais públicos, e observa que seu parceiro chega por vezes  a seguir esses homens atraentes com o olhar.

Em outro caso a mulher descreve um parceiro que tem desejo sexual por ela, mas que tem um grande amigo, geralmente muito atraente, com quem parece sempre preferir estar junto em diversas atividades. Este costuma ser convidado frequente nas atividades de lazer do casal, mesmo atividades que deveriam ser somente do casal, sempre fazendo questão da presença do  grande amigo.

Outra situação que já atendi em diferentes ocasiões é a da mulher que encontra material pornográfico homossexual no computador ou celular do marido, ou mesmo material impresso que estava escondido em algum local, como, por exemplo, no forro da casa.

Muitas mulheres se sentem desconcertadas quando seu parceiro, um certo dia, pede para colocar uma roupa feminina na cama, uma meia calça ou uma calcinha, as vezes quer se maquiar. Quando consente, mesmo  contragosto, a mulher percebe uma grande excitação sexual deste parceiro ao fazer uso do vestuário feminino.

Uma quinta situação, esta bem mais rara, ocorre quando a mulher descobre um verdadeiro guarda-roupas feminino que seu marido havia escondido no escritório ou em outro local insuspeito.

Todas as situações acima citadas geram angústia. Muitas dessas mulheres temem perguntar objetivamente aos seus parceiros a respeito da sexualidade dos mesmos, pois temem a resposta que vão receber. As que perguntam frequentemente ouvem negativas, as vezes justificativas difíceis de acreditar. Em poucos casos o parceiro abre o jogo.

A dificuldade na avaliação desses cinco casos é que não se pode afirmar nada quanto a sexualidade dos homens, apenas tentar analisar. A verdade sobre a própria sexualidade cabe somente a cada pessoa, dentro da sua singularidade. Mas vamos analisar cada caso abaixo, para esclarecer alguns pontos e conceitos de sexualidade e assim ajudar as leitoras em busca de alguma orientação.

No primeiro caso o parceiro pode ter um desejo sexual muito baixo e a observação de que ele olha para outros homens pode ser uma distorção perceptiva devido a suspeita de homossexualidade. Mas também pode se tratar de uma pessoa homossexual tentando se ajustar com muita dificuldade à vida de heterossexual, talvez devido a homofobia e tentativa de viver dentro da conformidade social. Esta tentativa dificilmente será bem sucedida, pois exige que a pessoa renuncie a sua sexualidade homossexual.

No segundo caso pode se tratar de bissexualidade masculina, da qual a mulher não tem ciência, mas cujo marido mantém um relacionamento simultâneo com um homem e faz questão da presença constante desta terceira pessoa. O amor que sente pela mulher pode ser importante, verdadeiro, mas não pode e não quer abrir mão do seu lado homossexual. Geralmente teme a rejeição de sua amada caso revele sua bissexualidade.

No terceiro caso possivelmente trata-se de um parceiro homossexual, mas convém checar se o material é somente de pornografia homossexual. Muitos homens com orientação heterossexual, mas com compulsão sexual, se excitam das mais diferentes maneiras, inclusive com pornografia homossexual em muitos casos, o que não quer dizer que mantenham atividade sexual homossexual.

No quarto caso acima descrito temos uma situação denominada travestismo fetichista, uma situação na qual a fonte principal de excitação do homem é vestir roupas femininas. Não se trata de homossexualidade, mas de uma forma diferente de excitação sexual, e o homem mantém atividade sexual somente com mulheres. Alguns homens com travestismo fetichista acabam evoluindo para uma identidade de gênero feminina em algum grau, mas isso não é uma regra no caso do travestismo fetichista.

No quinto caso temos possivelmente uma situação denominada de disforia de gênero, na qual o homem se sente inadequado em algum grau dentro de sua identidade masculina, e está em processo de aceitação de sua identidade de gênero feminina. Nos casos mais extremos o homem acaba adotando uma identidade de gênero feminina, na qual se sente finalmente adequado. É o que denomina de transexual.

Portanto, quando se trata de atração sexual homo, hetero ou bissexual, o termo correto é orientação sexual. Mas quando se trata de quanto a pessoa se sente adequada com as características sexuais de seu corpo biológico usamos o termo identidade de gênero. 

Espero que com as explicações acima eu possa ajudar mulheres sofrendo devido a esse tipo de suspeita. No On Love, nosso programa de consultoria e aconselhamento para a qualidade de vida afetiva e sexual, temos auxiliado muitas mulheres em busca de uma maior qualidade de vida afetiva e sexual.

Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade*

Permitida a divulgação e publicação desde que citada a fonte (autor e site)

*Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra com residência médica  pelo HC/RP-USP, especializado no atendimento de pacientes em crises emocionais, estresse elevado, medo e pânico. Tem vinte anos de experiência na área. Mantém em sua clínica o programa On Love, para consultoria e aconselhamento em relações amorosas. É especialista em sexualidade humana pelo projeto sexualidade do hospital das clínicas da faculdade de medicina da USP (HC/USP). Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.