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O assassinato do jogador Daniel Correa e os aspectos desconcertantes dos crimes passionais

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Escrevi este artigo poucos dias após o horrível assassinato do jogador de futebol Daniel Correa De Freitas, na cidade de São José Dos Pinhais – Paraná. Neste momento da investigação policial (escrevi este artigo em 05/11/2018) consta como verdade inquestionável, segundo a imprensa, apenas o fato de que Daniel foi assassinado, quase degolado e teve os genitais amputados.

Conforme noticiado nos meios de comunicação, o motivo alegado pelo autor confesso do assassinato seria a tentativa de estupro que sua esposa teria sofrido dentro do próprio quarto de dormir, tentativa atribuída ao jogador Daniel, e que teria sido flagrada por ele, marido. Este teria alegado que perdeu totalmente o controle dos impulsos ao presenciar a cena.

Partindo do princípio de que se tratou realmente de um crime passional, motivado pela visão da cena em que um homem tentava violentar sua esposa, perguntam todos que tiveram acesso ao noticiário: havia motivo para tamanha violência? Não poderia o marido ter agido de outro modo, chamado a polícia? Não poderia ter agido com menos violência?

Ao ler a notícia e ver os noticiários me lembrei dos tantos casos que já atendi em meus quinze anos de trabalho com pessoas em crise emocional de origem afetiva e sexual, de quantas vezes ouvi a descrição dos planos de vingança dos traídos e daqueles deixados por seus parceiros, das vítimas de abuso sexual, muitos desses planos francamente homicidas. alguns chegaram até mim após tentativas de homicídio de variados modos, felizmente fracassadas.

Os casos que atendi muitas vezes me deixaram desconcertado tal a tenacidade dos planos de vingança, da dificuldade de controle de impulsos dos meus pacientes, mesmo em vista do tanto que tinham a perder em caso da efetivação de seus planos insanos: perda da liberdade, do contato com os filhos (as vezes ainda crianças), dos amigos, da família, assim como o sofrimento intenso a que todos estariam submetidos.

A emoção comum, que une a quase totalidade desses casos, é a raiva, possivelmente a mais poderosa e perigosa das emoções, frequentemente desencadeadas por ciume. A raiva tem o poder de exigir ação imediata, de ordenar reparação. Ela fornece energia, sequestra a razão e funciona como uma espécie de cola, cola esta que une quem tem raiva ao sujeito visto como a razão da raiva despertada. Some-se a isso um comportamento violento prévio ou traços de personalidade algo hostis e a tragédia se anuncia.

Com as considerações acima não tenho qualquer intenção de justificar o injustificável, apenas alertar pessoas que não estão acostumadas a lidar com essas situações passionais graves a respeito do risco que correm quando se envolvem com pessoas comprometidas.

Já escrevi anteriormente neste site sobre o assassinato da jovem Tatiane Spitzner em Guarapuava (infelizmente nosso estado tem sido manchete nacional neste assunto recentemente) e sobre o risco de assassinato envolvido em casos de infidelidade conjugal, todos crimes passionais em resumo.

Apesar da revolução sexual e da mudança sem precedentes nas relações afetivas e sexuais no mundo contemporâneo, certos impulsos primitivos e emoções perigosas do ser humano se mantém vivos em nosso psiquismo, muitas vezes agravados por uma cultura na qual ainda tem lugar a ideia do “chifrado”.

Finalmente, caso você esteja passando por uma situação de crise emocional causada por problemas afetivos ou sexuais de difícil resolução, procure auxílio especializado. O sofrimento emocional intenso causado por questões afetivo-sexuais não é menos importante do que o sofrimento causado por doenças orgânicas.

Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade

Permitida a reprodução e divulgação desde que citada a fonte, (autor e site)

Dr. Lincoln C. Andrade é medico psiquiatra especializado no atendimento de pessoas em crise emocional, estresse elevado, ansiedade, pânico. Trabalha há 15 anos com crise e sofrimento emocional desencadeados por problemas afetivos e sexuais. É especialista em sexualidade humana pela USP. Mantém em sua clínica o programa On Love, para consultoria e aconselhamento em questões de relacionamento amoroso. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.