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Mulheres fáceis, homens difíceis

Mulheres fáceis, homens difíceis

Uma queixa masculina está se tornando um pouco mais frequente no consultório: homens jovens e de meia idade tem se queixado da dificuldade de encontrar uma mulher que julgam “confiável”, alguém que possa se tornar uma  namorada de fato. Questionados sobre o motivo de tal queixa, respondem que as mulheres estão muito fáceis, que vão para a cama com qualquer um, sem critério, bastando alguns beijos e “amassos”.

Sempre que ouço essa queixa lembro de minha adolescência e início da idade adulta, no início da década de 80,  quando então conseguir levar uma menina para a cama era uma tarefa complicada, que na maioria das vezes acontecia após alguns meses de namoro. E a essa altura já existia vínculo e namoro “firme”.  As poucas meninas que facilitavam o sexo eram chamadas de “fáceis “e  nem consideradas para namoro.

Atualmente tudo mudou, e para as mulheres talvez tenha mudado para pior quando se trata de conseguir um namorado para um relacionamento estável. Não estou aqui defendendo puritanismo ou retorno aos velhos tempos de repressão da sexualidade feminina, mas analisando as relações amorosas atuais, nas quais se misturam culturas de gênero, crenças sociais e comportamentos amorosos originários de várias gerações de homens e mulheres.

As mulheres atuais já não utilizam aquela que foi uma das mais poderosas armas na conquista de um homem no passado, que é adiar um pouco a vida sexual com um novo parceiro, talvez adiar o suficiente para criar um vínculo com o rapaz, deixá-lo muito interessado e se permitir conhecer melhor. No passado as mulheres criavam a possibilidade de um interesse masculino maior por elas, um interesse além do desejo sexual. As mulheres souberam fazer uso desta arma de conquista durante séculos, pois se facilitassem o contato sexual poderiam arruinar sua reputação.

Muitas mulheres modernas me dizem que facilitam o sexo com parceiros recém conhecidos devido a “concorrência” feminina. Dizem que as outras “liberam geral”, e que se não fizerem o mesmo ficarão em segundo plano. Outras dizem que não há por que abrir mão do prazer. Sem dúvida a conquista do prazer sexual sem culpa ou risco de gravidez foi uma consequência muito positiva e necessária para a felicidade da mulher, mas é positiva desde que por escolha e não por obrigação, não porque “as outras fazem”.

As mulheres mudaram muito, estão liberadas sexualmente, mas precisam também entender que a cabeça do homem, no seu funcionamento mais primitivo, inconsciente, talvez não tenha acompanhado essa mudança feminina.

Muitos homens ainda priorizam aquelas mulheres que julgam ser confiáveis o suficiente para garantir que seus filhos serão seus e de mais ninguém, que correm menos riscos de infidelidade, pelo menos os homens mais inseguros sexualmente. Entre os muito seguros tenho percebido uma euforia com a sensação de que estão vivendo em uma espécie de harém 24 horas/dia/sete dias por semana, com oferta mais do que abundante de sexo.

  Outros se queixam de que o fato de as mulheres iram para a cama facilmente tira do homem algo fundamental no seu psiquismo: o empenho necessário para a  conquista, a expectativa, o frio na barriga com a possibilidade de êxito. E tira também a sensação de que aquela mulher não é para qualquer um, que houve necessidade de batalhar muito para leva-la para a cama. Coisa de homem!

Parece absurdo, antiquado, retrógrado e machista? Pois é mesmo, mas é assim que as coisas são no inconsciente de  muitos homens.

Encerro este artigo dizendo que ele foi escrito para provocar a reflexão feminina a respeito destes tempos de grande mudança no comportamento afetivo e sexual de homens e mulheres. Contato, críticas e comentários para saúde@lincolnandrade.com.br

Texto escrito pelo Dr. Lincoln C. Andrade*

Permitida a reprodução e divulgação desde que citada a fonte (autor e site)

*Dr. Lincoln é médico psiquiatra especializado no atendimento de pessoas em crise emocional, estresse elevado, medo e pânico. É especialista em sexualidade humana pelo projeto sexualidade (PROSEX) da faculdade de medicina da USP. Trabalha  no atendimento de pessoas em crise emocional causada por problemas amorosos e no aconselhamento de pacientes para problemas de relacionamento amoroso há mais de 15 anos. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 e 996437333.