Pessoas que fazem uso problemático de pornografia estão sujeitas a diversos fatores estressores próprios deste comportamento. Muitos desses fatores são comuns à maioria dos usuário de pornografia, e seguem abaixo:
- Necessidade de ocultar sua vida sexual online, os acessos a sites especializados, despesas com pagamento desses serviços, tempo desperdiçado de trabalho e estudo, etc. Esse cuidados geram estresse e ansiedade constante
- Risco de descoberta do acesso excessivo pela parceria, uma espécie de fantasmas que está sempre rondando a pessoa que faz uso problemático de pornografia
- Conflitos envolvendo alternância entre prazer e culpa/arrependimento, algo que oscila como um pêndulo e gera estresse
- Sentimento de impotência perante a dependência de pornografia e da masturbação compulsiva
- Não se sentir confortável para falar a respeito do assunto com ninguém, o que pode causar angústia, ansiedade e um sofrimento em silêncio
- Conflito entre valores pessoais e comportamento sexual
Esses fatores estressores próprios da dependência de pornografia, quando somados aos demais estressores do dia a dia, podem vir a determinar alterações emocionais como irritabilidade fácil e raiva, e mesmo transtornos mentais, como depressão e ansiedade patológica.
Em períodos em que o estresse fica muito alto ou prolongado, o usuário de pornografia pode sofrer um transbordamento de emoções, e descarregá-las sobre pessoas próximas, com cônjuge, filhos, familiares ou colegas de trabalho. Fica facilmente irritadiço, sente muito raiva, pavio curto, intolerante. Essa maneira de expressar emoções aberta e agressivamente é conhecida em saúde mental como externalização das emoções. Mas também pode haver a internalização das emoções, quando o usuário de pornografia sente o peso da culpa e da vergonha, sente sua autoestima e imagem pessoal muito afetadas e acaba deprimindo. Quando este quadro depressivo se agrava podem surgir pensamento de morte ou mesmo ideação suicida.
Pessoas que fazer uso problemático de pornografia podem ter dificuldade ou mesmo não conseguir perceber que existe uma ligação entre seus estados emocionais negativos e seu uso de pornografia. Desse modo, podem acessar mais pornografia para tentar aliviar suas emoções negativas, ou mesmo usar as discussões que elas mesmo provocam com sua irritabilidade como justificativa para novos acessos à pornografia, responsabilizando outros pelo seu comportamento.
Caso você tenha problemas pelo uso problemático de pornografia procure refletir se as informações acima lembram sua condição de saúde mental atualmente. Caso perceba que necessita de ajuda profissional não se deixe vencer pelo medo de se expor. Profissionais de saúde mental e sexologia experientes e competentes jamais fazem julgamento moral ou de qualquer outra natureza de seus pacientes, mas sim estão preparados para ajudá-los a sair do ciclo da dependência de pornografia e da masturbação compulsiva.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade, baseado em Maltz W. e Maltz L. 2008. Permitida a reprodução desde que citada a fonte e autor.
Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 16 anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP), especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.