Toda pessoa que sofre de compulsão sexual funciona dentro de um ciclo de alternância entre controle e descontrole dos comportamentos sexuais compulsivos. Esse ciclo é didaticamente dividido e 6 etapas, que serão brevemente explicadas a seguir.
As 6 fases do ciclo da compulsão sexual
- Fase de dormência: nesta fase o comportamento sexual compulsivo está “dormente”, temporariamente em remissão, aparentemente sob controle. Para a maioria dos compulsivos esta fase é bastante curta, mas pode ser longa para algumas pessoas.
- Fase dos gatilhos: em algum momento do seu quotidiano, a dormência da pessoa sexualmente compulsiva pode ser interrompida por diferentes gatilhos, sejam eventos, oportunidades, pensamentos, sentimentos, sensações corporais, emoções e muitos outros gatilhos em potencial. Esses gatilhos podem ser inconscientes ou provocados conscientemente, e levam a pessoa da dormência para a fase seguinte, da preparação.
- Fase de preparação: nesta fase, que pode ter duração muito curta ou longa, a pessoa planeja qual será sua próxima atitude no sentido da ação compulsiva. Pode ser tão curta quanto acessar a internet para conteúdo sexual quanto planejar durante semanas como melhor utilizar a viagem de negócios que fará em breve.
- Fase de ação: como o próprio nome diz, nesta fase a pessoa entra em ação e mergulha nos hábitos de compulsão sexual. Pode ser tão rápido como combinar um encontro em um aplicativo de relacionamentos quanto passar dias seguidos vendo pornografia por horas a fio e se masturbando.
- Fase de arrependimento: esta fase varia muito de intensidade, de acordo com o grau de consciência que a pessoa que sofre de compulsão sexual tem a respeito de seu problema. Pode variar entre uma simples avaliação de que cometeu um pequeno deslize até desespero e aversão a qualquer situação que remete às suas práticas sexuais. Envolve muita vergonha e culpa, e conduz a fase seguinte, de recomposição.
- Fase de recomposição: após o arrependimento, o compulsivo sexual encobre as pistas que deixou, reorganiza sua vida, sente uma melhora da autoestima, toma novas decisões no sentido de evitar novos episódios de compulsão sexual e avança para uma nova fase de dormência, até que todo o ciclo se repita novamente.
O ciclo da compulsão sexual deixa claro que o compulsivo frequentemente tem a sensação de ter o controle do seu comportamento sexual, muitas vezes acredita estar “curado”, mas permanece prisioneiro de seus impulsos. O modo correto para sair do ciclo é a busca de tratamento com médico psiquiatra especializado em sexualidade humana, que tem condições de avaliar e tratar a compulsão sexual, que frequentemente apresenta outros transtornos sexuais e psiquiátricos associados. A terapia sexual ou de casais também costuma ser muito importante para o tratamento.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade. Permitida a reprodução e divulgação desde que citado autor e site.
Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com quase 15 anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP), especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.