Crises de pânico na gestação e no período puerperal são ocorrências das mais temidas por mulheres que sofrem de transtorno de pânico.
Durante a gestação a mulher passa por mudanças diversas em sua vida, mudanças essas que incluem a vida conjugal, social, doméstica e também o trabalho. O estado mental e o nível de estresse da mulher ao se saber grávida, ou durante o ciclo gravídico-puerperal, pode ser decisivo quanto ao risco de ocorrência de crises de pânico.
Veja abaixo alguns fatores que podem servir como fontes de estresse durante a gestação e o puerpério, e assim facilitar a possibilidade de recidiva das crises de pânico:
- A gestação em curso pode não ter sido planejada
- A gestação sem planejamento pode não ter sido bem aceita por um ou ambos os membros do casal
- A gestação pode ser de alto risco por diferentes motivos
- A fecundação pode ter acontecido em momento de estresse elevado para a mãe ou o casal
- Ao descobrir a gravidez a mulher pode estar, naquele momento, fazendo uso de algum medicamento para tratamento do transtorno de pânico contra-indicado para o início da gestação, havendo necessidade de interromper seu uso.
- Estresse excessivo no trabalho
- Ser mãe solteira
- Problemas financeiros importantes
- Ser mãe de crianças muito pequenas ainda, com sobrecarga de trabalho doméstico
Durante o puerpério existem também fatores de risco para crises de pânico:
- Mudanças na fisiologia feminina que ocorrem imediatamente após o nascimento da criança
- Curtos períodos de sono e cansaço excessivo nas primeiras semanas de puerpério
- Irritabilidade e discussões entre os membros do casal
- Crises de ciúme e birra dos filhos maiores
- Necessidade de retorno ao trabalho após o auxílio maternidade
- Aumento de despesas e pressão sobre as finanças da família
O tratamento de crises de pânico durante gestação e puerpério raramente é fácil, e vai depender do nível de gravidade das crises, do período gestacional ou puerperal, do suporte familiar da gestante e da experiência do psiquiatra. Na gestação a dificuldade reside na fase da mesma, devido a limitação para o uso de certos medicamentos. No puerpério a dificuldade encontra-se na amamentação, o que também limita o número de medicamentos que podem ser usados. A experiência do psiquiatra no manejo de mulheres com crises de pânico no período gravídico -puerperal é fundamental para a boa condução do caso clínico.
Toda mulher que sofre de transtorno de pânico deve procurar planejar a gestação, e não esquecer de incluir no seu planejamento o “pré-natal psiquiátrico”, procurando conversar com seu médico psiquiatra a respeito de aspectos relevantes para sua saúde mental neste período tão importante da vida.
Texto de autoria do Dr. Lincoln C. Andrade*
Permitida a reprodução e divulgação desde que citada a fonte (autor e site)
* Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra especializado no atendimento de crises emocionais, estresse, ansiedade e pânico. Criou e mantém em sua clínica o programa CALMA, para o tratamento completo do transtorno de pânico. Agendamento de consultas pelos fones (41) 30391890 E 996437333.