Telefone / Whatsapp: (41) 9 9643-7333

Clínica de tratamento em Curitiba para crises emocionais, estresse, ansiedade, pânico, depressão e problemas afetivos e sexuais

Compulsão sexual: o papel e o problema representados pela Sugar Baby

A  expressão Sugar Baby vem do inglês e é usada para ajudar a definir o relacionamento entre um homem mais velho e com bastante dinheiro, o “sugar daddy”, e uma mulher jovem e bela, a “sugar baby”. Essa relação pode englobar várias facetas, mas neste artigo abordarei o relacionamento afetivo e sexual entre essas pessoas. Em outros artigos abordarei mais profundamente o significado de cada uma dessas expressões.

Ao manter um relacionamento de Sugar Daddy com uma Sugar Baby, o homem, compulsivo sexual ou não, geralmente confunde os limites românticos, sexuais, sociais e financeiros que definem um relacionamento de casal de verdade. Muitos homens mantém uma Sugar Baby por puro interesse sexual, por prazer puro e excitação de “possuir” uma mulher jovem e bela, mas não é o que acontece com a maioria dos homens.

Homens que mantêm SB acreditam, inicialmente, que é algo fácil, simples e que gera uma sensação de poder masculino, mas isso frequentemente é um autoengano para quem tem problemas afetivos, sexuais, de dependência emocional, de autoestima e de insegurança, muitos desses problemas originários de infâncias problemáticas e/ou traumáticas. E não por acaso esse tipo de distúrbio com origem na infância é uma das vias que conduzem a compulsões e vícios diversos, entre eles o comportamento sexual fora de controle. Assim, a ideia de que manter uma SB é algo tranquilo pode estar muito distante da realidade, principalmente quando a SB tem experiência e sabe tirar proveito da vulnerabilidade desses homens.

O estereótipo do homem mais velho e endinheirado e da mulher bela e jovem oculta o fato de que a ligação que ele busca na sugar baby vai além do sexo em grande parte dos casos, mas sim permite dar vazão a a necessidades inconscientes com origem em traumas infantis ou experiência atuais afetivamente negativas. Essas necessidades inconscientes podem ser de aprovação, aceitação incondicional, apreciação, fortalecimento de autoestima, tudo isso mascarado pela “meia verdade” de busca maior de sexo que todo homem sentiria necessidade.

Infelizmente, a arcaica mas ainda onipresente cultura machista nega ao homem o direito de ter áreas de fragilidade psicológica e emocional, e mais ainda de expressar abertamente essas fragilidades. Assim, sem plena consciência, muitos homens buscam a solução concreta da Sugar Baby, com suas manifestações de amizade e intimidade movidas por dinheiro, para resolver seus problemas de subjetividade psicológica, algo muito comum entre compulsivos sexuais por exemplo.

Em meu trabalho com homens que mantém relacionamentos com sugar babies, compulsivos ou não, observo muitos adotando o papel de heróis dessas jovens, se sentindo salvadores e mesmo justiceiros ao pagar faculdade, moradia, alimento e proporcionar bem estar a meninas que consideram necessitadas e vítimas de sociedade. Sem querer analisar aqui a condição social real das sugar babies, esses homens consideram que estão proporcionando uma chance de um futuro melhor à elas, e claramente acreditam que em troca elas nutrem um afeto genuíno por eles.

Muito homens acreditam também que as sugar babies representam um risco menor aos seus relacionamentos do que amantes ou sexo com prostitutas, mas não percebem que o romantismo que pensam existir é ilusório, mas as consequências da descoberta pela parceira são reais e podem ser contundentes. Muitos homens que já atendi gastavam muito dinheiro mensalmente para manter uma ou mais sugar baby, comprometendo o bem estar familiar e as necessidades dos filhos. E somente quando faltava dinheiro para manter as despesas da garota é que a realidade se apresentava, pois logo eram deixados por essa pseudo – parceira, retornando para a solidão, a carência afetiva e sexual e a baixa autoestima, porém com muito menos dinheiro. Então a vergonha, a culpa e o arrependimento eram certos. O relacionamento com uma sugar baby raramente ou jamais se torna real, independentemente do preço pago para mantê-lo.

Já tive caso de paciente cuja esposa descobriu a sugar baby do marido, agendou e conversou com com a mesma,  que revelou que sempre agiu comercialmente, que faz parte da atividade simular um relacionamento de verdade, mas que tratava-se de uma fonte de renda. Já tive casos em que os pacientes foram vítima de chantagem e extorsão, e tiveram sua vida privada invadida por suas sugar babies, que tentava manter sua fonte de renda a qualquer custo.

Resumindo, quer sejam esses homens carentes, quer sejam compulsivos sexuais a manter relacionamento com sugar babies, quase todos estão de modo consciente ou inconsciente tentando lidar com sentimentos de abandono, rejeição, desvalorização, desapego e baixa autoestima.

O tratamento para compulsão sexual ou outros problemas afetivo-sexuais que conduzem ao relacionamento com sugar babies passa pela ampliação da consciência do problema e do autoengano representado por esses falsos relacionamentos, entre outros pontos essenciais da patologia sexual a serem abordados.

Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade. Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site).

Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/SP), com quase 17  anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP),  especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico.  Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.