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Clínica de tratamento em Curitiba para crises emocionais, estresse, ansiedade, pânico, depressão e problemas afetivos e sexuais

Transtorno da excitação genital persistente x Compulsão sexual

Um transtorno sexual raro,  pouco conhecido mesmo entre especialistas e que pode ser confundido com compulsão sexual é o Transtorno da excitação genital persistente. Esse quadro clínico e sexual cercado de muitas dúvidas quanto às possíveis causas e tratamento é ao mesmo tempo desconcertante e desafiador para psiquiatras, sexólogos e pacientes.

A característica central desse transtorno é a excitação na área genital de modo espontâneo, persistente, sem desejo sexual, sem fantasias ou pensamentos eróticos. Portanto, sem qualquer desejo sexual a pessoa tem sensações de excitação na área genital, muitas vezes a sensação de estar a ponto de ter um orgasmo. Algumas chegam mesmo a ter orgasmos espontâneos.

Outra característica é que essa excitação tende a persistir por horas, dias ou semanas, podendo ser contínua, o que causa muita angústia e não prazer sexual. Diante de tamanha excitação a pessoa busca alívio com masturbação ou relações sexuais. Porém, após o orgasmo a sensação de excitação persiste, levando a busca de vários novos orgasmos na tentativa de obter alívio. Outro detalhe importante é que as sensações de excitação e por vezes o orgasmo são sentidos como diferentes, desagradáveis. A frequência neste transtorno na população é desconhecido, mas estimado em 1% por alguns pesquisadores. Mulheres que sofrem do transtorno da excitação genital persistente sentem muito vergonha de contar o problema a seus médicos, por medo de julgamento moral.

Nas mulheres a excitação genital envolve sensação de congestão do tecido genital, com formigamento, pulsação, pontada ou agulhada, além de lubrificação vaginal. Um aumento da sensibilidade nos seios também é comum. Muitas tem sensação de estar a ponto de chegar ao orgasmo. Nos homens a excitação genital envolve também sensações de formigamento, pulsação e a sensação de estar prestes a ejacular. Ao buscarem alívio no orgasmo tanto homens como mulheres podem se sentir muito cansados, exauridos. Ambos podem sentir esses orgasmos como desagradáveis ou diferentes do usual. 

É importante frisar que mesmo após vários orgasmos a excitação pode persistir, as vezes por horas, dias, semanas ou mesmo anos. Muitos ficam com humor irritado quando tentar evitar a busca de alívio através do orgasmo. Algumas pessoas que têm a excitação leve ou intermitente podem até apreciar seus orgasmos, mas em geral o transtorno causa angústia intensa, podendo levar à depressão e a ideação suicida, visto que interfere muito na realização de atividades da vida diária.

Possíveis causas:

Muitas possíveis causas têm sido observadas e estudadas, entre elas:

  • Início ou descontinuação de certos medicamentos
  • Procedimentos cirúrgicos na região pélvica
  • Neuropatias/pinçamento de nervos
  • Certas atividades físicas
  • Priapismo masculino e feminino
  • Infecções genitais
  • Estresse psicológico e ansiedade
  • Outros

 

Diferenças centrais entre Transtorno do comportamento sexual compulsivo (TCSC)e Transtorno da excitação genital persistente (PGAD, do inglês Persistent Genital Arousal Disorder ):

1. Desejo sexual: no TCSC há muito desejo e busca ativa de sexo, enquanto no PGAD não há desejo sexual espontâneo

2. Fase da resposta sexual: no TCSC a excitação geralmente é precedida do desejo sexual, enquanto no PGAD a excitação surge sem desejo, é um fenômeno sexual genital

3. Finalidade do orgasmo: no TCSC o orgasmo tem finalidade consciente de obter prazer, mesmo havendo impulsores inconscientes, e mesmo diante as consequências negativas que  compulsão acarreta. NO PGAD a finalidade do orgasmo é aliviar o mais rapidamente possível uma excitação genital intrusiva, espontânea, alta, persistente e angustiante

Pessoas que sofrem do transtorno da excitação genital persistente ou seus parceiros sexuais podem acreditar erradamente que trata-se de compulsão sexual, e mesmo profissionais de sexologia pouco experientes podem confundir os dois transtornos sexuais, que na verdade são muito diferentes entre si. 

Tratamento:

O tratamento de ambos os transtornos é algo desafiador, mas o transtorno da excitação genital persistente pode ser ainda mais complexo, pois os poucos pesquisadores da área ainda estão em busca do entendimento das causas. Por esse motivo, chegar ao diagnóstico pode ser bastante desafiador, assim como definir o tratamento mais adequado para cada paciente.

Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade. Permitida a reprodução e divulgação, desde que citada a fonte (autor e site).

Dr. Lincoln C. Andrade é Especialista em Sexualidade Humana pelo projeto sexualidade (PROSEX), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/SP), com quase 17  anos de experiência atendendo pessoas solteiras e casais com problemas afetivos e sexuais. É também médico psiquiatra, com residência médica pelo hospital das clínicas da USP (HC/RP),  especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse, ansiedade e pânico.  Agendamento de consultas pelos fones (41) 996437333.