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Transtorno obsessivo compulsivo: a doença dos pensamentos angustiantes e dos comportamentos absurdos

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Tente imaginar por alguns instantes que você tem apresentando, repetida e persistentemente, algum dos seguintes pensamentos, impulsos (sentidos como sendo de difícil controle)  e as emoções angustiantes que os acompanham:

  • Sensação de que vai gritar um palavrão dentro da igreja durante a missa
  • Sensação de que a qualquer momento pode assassinar o filho recém-nascido, por isso deve ficar afastado dele
  • Forte sensação de que assassinou alguém, mas que ainda não foi descoberto
  • Sensação de que sua mãe vai morrer caso a contagem do número de objetos em um determinado cômodo não termine em número par
  • Sensação de que caso venha a manusear uma faca ou tesoura, pode usá-la para cometer suicídio ou se ferir de propósito
  • Sensação de que ao tocar em um tecido ou objeto pode ter se contaminado com alguma substância nociva ou entrado em contato com algum micro-organismo perigoso, sentindo então grande medo e angústia
  • Sensação de que pode se lançar da janela do seu apartamento a qualquer momento, por isso deve se afastar dela

Imagine agora que para tentar anular a angústia causada pelos pensamentos e impulsos acima  descritos (pensamentos esses chamados de obsessões), você sente a necessidade de adotar algum dos rituais abaixo listados, rituais esses denominados compulsões:

  • Repetir a contagem de objetos até que termine em número par
  • Alinhar objetos e organizar de tal modo que fique de minutos a horas para terminar a tarefa
  • Buscar se certificar de que não matou alguém
  • Verificar repetidamente se fechou janelas e portas que acabou de fechar
  • Lavar as mãos até machucá-las para se certificar de que estão descontaminadas
  • Tocar com a mão direita tudo que tocou com a mão esquerda

Imagine então que por mais que tente, você simplesmente não consegue controlar os pensamentos, impulsos e comportamentos acima descritos.

Imagine, finalmente, que apesar de ter consciência do absurdo de seus pensamentos, impulsos e comportamentos repetitivos, você teme estar enlouquecendo e, por medo de ser julgado como louco pelas outras pessoas, procura escondê-los de pessoas muito íntimas e até mesmo dos médicos.

Caso você tenha tentado realizar o exercício acima com um mínimo de atenção, você agora tem uma pálida ideia do que é o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e do sofrimento que ele causa aos seus portadores.

O que é Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)?

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) se caracteriza por pensamentos, idéias ou imagens mentais desagradáveis que se repetem continuamente (obsessões) e causam angústia considerável na pessoa afetada. Tais pensamentos angustiantes são de difícil controle pela vontade, geralmente incontroláveis. A angústia ocorre devido a falta de sentido e aos conteúdos absurdos dos pensamentos.

Quais são os tipos mais comuns de obsessões, de pensamentos obsessivos?

Como exemplo de pensamentos obsessivos, angustiantes, podemos citar a pessoa que vai à igreja e tem pensamentos eróticos/sexuais durante a missa, ou preocupação contínua de que alguém da família vai morrer. Isso leva a comportamentos compulsivos para tentar anular a angústia causada pelos pensamentos, os chamados rituais do TOC, como por exemplo lavar as mãos por tempo prolongado.

Os conteúdos dos pensamentos obsessivos são muito variados e envolvem sexo, religião, violência, acidentes, morte, sujeira, contaminação, preocupações com doenças,  fazer algo proibido e muitos outros.

O que são as compulsões?

Para lidar com o desconforto causado pelas obsessões, a pessoa afetada pelo TOC se sente compelida (compulsão) a certos comportamentos sem sentido, ilógicos, ritualizados, que reduzem a angústia causada pela obsessões mas aumentam a sensação de falta de controle. Muitas pessoas com TOC pensam estar enlouquecendo.

Quais os tipos de compulsões?

As compulsões podem ser inúmeras, mas rituais de contagem, de conferência, cuidados exagerados com limpeza e higiene são compulsões frequentemente observadas. Um exemplo característico é a pessoa que perde muito tempo conferindo se fechou com chaves as portas de casa ou a pessoa que fica longo tempo lavando as mão, que busca ordenar objetos ou que evita tocar em certos objetos por medo de contaminação.

A pessoa com TOC está enlouquecendo?

O paciente com TOC tem crítica de que tanto os pensamentos quanto os comportamentos não fazem sentido, mas não consegue evitá-los. Quanto mais grave o quadro mais tempo a pessoa perde com os pensamentos e os rituais, e o quadro clínico as vezes é incapacitante.

Tanto as obsessões com as compulsões ocorrem em grande número, e os conteúdos e rituais dependem de cada caso individualmente. Como é comum quando se trata de psiquiatria, amigos, parentes e cônjuges não conseguem entender o que está acontecendo com a pessoa afetada, dizem para a pessoa simplesmente parar com os sintomas (como se dependesse somente da vontade), ou fazem piada a respeito, o que só piora o estado emocional do paciente. Em alguns casos de TOC  muito grave, a pessoa acometida tem grande dúvida quanto ao fato dos pensamentos serem reais ou criação de sua mente.

Qual é o tratamento do TOC?

O tratamento do transtorno obsessivo compulsivo envolve educação para a doença (psicoeducação), medicamentos ( trata-se de grave e persistente quadro de ansiedade), psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC) e orientação aos familiares. O tratamento é para a vida toda na maioria dos casos. Com o tratamento a qualidade de vida do paciente melhora muito, mas raramente há controle de 100% dos sintomas, razão da psicoeducação e da psicoterapia. Há casos com tal gravidade de sintomas que o tratamento se torna extremamente difícil.

Em futuros artigos vou detalhar cada tipo básico de obsessão e as correspondentes compulsões.

Texto de autoria do Dr. Lincoln Cesar Andrade*
Permitida a reprodução e divulgação, desde de citada a fonte (autor e site).

*Dr. Lincoln C. Andrade é médico psiquiatra especializado no tratamento de pessoas em crise emocional, estresse elevado, transtornos de ansiedade, medo e pânico. Agendamento de consultas pelos telefones (41)30391890 e 996437333.